Há tempos, um colega contava-me uma experiência de sala de aula, no mínimo, risível.
No máximo, este apontamento é o reflexo crítico para uma das grandes preocupações que certos grupos editoriais têm em "facilitar" o máximo do trabalho aos professores. Põem-se no papel de facilitadores, quando deviam ser facultadores de instrumentos credíveis.
Reza a história o seguinte: estava o professor a corrigir um exercício de Ciências - solicitado para resolução em aula -, quando, na interação posteriormente criada, vive este diálogo:
- Vamos lá corrigir a tarefa. Que respondeste à questão X, Diogo?
- Ah, essa é resposta aberta!
(Se o aluno experiencia a certeza do sucesso, fica o professor incrédulo perante a incoerência da resolução, pois nada faz prever que se discuta a abertura ou o fecho de qualquer coisa que seja).
- És capaz de explicar o que te levou a dizer isso?
- Está aqui nas soluções, professor.
(E mostra o livro, com uma banda de soluções à esquerda).
Assim se educa para melhores competências nas aprendizagens!
Têm já sido várias as experiências de que mais vale não ter em conta o que se diz nessas bandas; que tão mau (ou pior) quanto apresentar soluções inúteis é induzir professores a errar ou a vivenciar situações absurdas junto dos estudantes; que nessas bandas muitas vezes se constroem desconcertos, para não dizer mesmo erros inquestionáveis. Entre vários, o último que encontrei foi o de se assumir a expressão "esta barca de tristura" (segmento vicentino do quadro cénico do Fidalgo, proferido pelo próprio no Auto da Barca do Inferno) como representativa de eufemismo! (Imagino a "suavização" que o termo 'tristura' sugere, comparando com tristeza, ou que a própria personagem condenada deve sentir).
Têm já sido várias as experiências de que mais vale não ter em conta o que se diz nessas bandas; que tão mau (ou pior) quanto apresentar soluções inúteis é induzir professores a errar ou a vivenciar situações absurdas junto dos estudantes; que nessas bandas muitas vezes se constroem desconcertos, para não dizer mesmo erros inquestionáveis. Entre vários, o último que encontrei foi o de se assumir a expressão "esta barca de tristura" (segmento vicentino do quadro cénico do Fidalgo, proferido pelo próprio no Auto da Barca do Inferno) como representativa de eufemismo! (Imagino a "suavização" que o termo 'tristura' sugere, comparando com tristeza, ou que a própria personagem condenada deve sentir).
Se houver alunos que pensem que os autores devem estar loucos (ao proporem o que não devem), mais vale explicar que pensar é ato mais seguro do que receber respostas, muitas vezes surgidas não porque os primeiros queiram, mas porque alguém acha que os manuais - encarecidos numa época crítica para todas as famílias - vendem mais por isso mesmo. Interesses pouco didáticos ou pedagógicos, portanto.
Ilusões incompatíveis com a consistência do saber (que para alguém já não é, por certo, prioridade).
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