quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Supervisão: é super ou é visão?

    Começa hoje, na Escola Secundária de Gondomar, uma oficina de formação, na qual vou participar como formando.

     A iniciativa, dinamizada pela subdiretora da escola, conta com um conjunto de vinte formandos de várias formações académicas e/ou disciplinares, alocados no Agrupamento de Escolas de Gondomar - nº1, desde o ensino pré-escolar ao secundário.
   A pertinência do tema é abrangente. Há quem o radique (e mal) às práticas de avaliação do desempenho docente que se prefiguram para os próximos tempos. Não tem de necessariamente o ser e pelo que posso ler na proposta e no título da formação - Supervisão pedagógica: uma estratégia de desenvolvimento pessoal e organizacional - não o será por certo. Isto de ver a supervisão como um mecanismo muito próximo do espírito inspetivo, classificativo, externamente equacionado face ao percurso profissional é, no mínimo, redutor.
    Tem quase um ano um relatório da OCDE (OECD Reviews of Evaluation and Assessment in Education: Portugal 2012, da autoria de Paulo Santiago, Graham Donaldson, Anne Looney e Deborah Nusche), no qual se explicita a inexistência de práticas sistemáticas de avaliação das aprendizagens nas escolas portuguesas, considerando o foco reduzido na avaliação de práticas docentes e no desenvolvimento de processos de interação levados a cabo para a aprendizagem dos alunos. A natureza formativa da avaliação aparece encarada como estando largamente deslocada da ação educativa em detrimento da modalidade sumativa e de propósitos classificativos. 
    A observação direta do ensino e das aprendizagens em sala de aula, à exceção de algumas dinâmicas em contextos de profissionalização (estágios) e que cada vez mais se têm reduzido em termos de estruturação prática, não tem sido aposta prioritária por parte do Ministério da Educação, tanto ao nível da formação inicial como no caso da contínua. Neste último caso, as ocorrências são mais do que episódicas e não tenho conhecimento de que tenha havido alguma vantagem (além da pessoal) em se ter passado por ela.
     Terá esta oficina o propósito formativo de: 
. refletir sobre a importância dos processos supervisivos ao serviço da melhoria do desempenho profissional docente;
. compreender a relevância da supervisão pedagógica para o desenvolvimento da escola; 
. construir e implementar diferentes dispositivos de supervisão, tendo em conta a diversidade de contextos profissionais e de estruturas de gestão curricular; 
. conceber diferentes instrumentos de observação, tendo em conta o fim a que se destinam.
  Nesta abrangência (a do desenvolvimento profissional e organizacional), antevejo uma oportunidade de encarar a supervisão não tanto numa perspetiva hierárquica (super), de reprodução de processos externa e aprioristicamente definidos e controlados, mas antes na ótica da compreensão e transformação de práticas pela auto e heterorregulação, no quadro de uma negociação colaborativa e cooperativa, como se deseja numa formação interpares.

      Caso para dizer, supervisão com menos 'super' e mais 'visão'. Assim o espero.

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