domingo, 6 de janeiro de 2013

Noite de Reis à Lapa

    A noite foi passada na Igreja da Lapa, construção com traçado entre o período rococó e o neoclássico.
Altar da Igreja da Lapa, 
   Já por várias vezes me tinha dirigido ao local, mas a porta fechada não me havia deixado ver um local religioso de renome na cidade do Porto, afamado por ser aquele onde se encontra o coração de D. Pedro IV (ofertado à cidade pela imperatriz D. Amélia, do Brasil).
   O convite de uma amiga e boas companhias fizeram que a noite não fosse passada em solidão ou, como o povo o refere, a "pensar na morte da bezerra". O dia deve-se mais a camelos (por terem sido estes a transportar os reis magos, segundo o Novo Testamento), ao nascimento (e não à morte), a menos pensamento e a mais ação (a julgar pela suposta viagem feita por Gaspar, Belchior e Baltasar, para visitarem Jesus) - a expressão popular parece ser proveniente das tradições hebraicas, numa alusão ao facto de o filho do rei Absalão revelar afeição a uma bezerra que, uma vez sacrificada a Deus, deu lugar à lamentação e ao contínuo pensamento do jovem na morte da mesma.
   Esquecida a morte e afastado o sacrifício, a noite foi festiva, musical, com um concerto de órgão e de trompas digno das figuras majestáticas nesta noite celebradas. 
   Com árias contempladas desde o período musical do barroco até ao contemporâneo, o organista-concertista Filipe Veríssimo (Mestre Capela da Igreja da Lapa) tocou com o quarteto Trompas Lusas (José Bernardo Silva, Bruno Rafael, Nuno Costa e Hugo Sousa), recuperando temas de Gioacchino Rossini (1792-1868), Louis-Claude Daquin (1694-1772), Johann Pachelbel (1653-1706), Graham Whettam (1927-2007), Franz Lehrndorfer (1928), Giovanni Gabrieli (1555-1612), Anton Bruckner (1824-1896), Johann Sebastian Bach (1685-1750), Marcel Dupré (1886-1971), Franz Zaunschirm (1953) e Wolfgang Schumann (1927).
     No fim do concerto, o momento alto: o público acompanhou os músicos com um cântico - uma forma de 'consoar' (seja no sentido etimológico de 'soar' conjuntamente seja no de reconfortar, consolar), para quem mais do que o corpo precisa de motivação de espírito.

O maior órgão de tubos da Península Ibérica,
na Igreja da Lapa




Adeste Fideles
Laeti triumphantes
Venite, venite in Bethlehem
Natum videte
Regem angelorum
Venite adoremus
Venite adoremus
Venite adoremus Dominum





       E houve direito a"encore", e repetido.

    O regresso a casa fez-se rápido, sem estrelas, com boas lembranças das músicas que aqueceram e iluminaram esta noite.

5 comentários:

  1. Pois foi, de facto, uma noite bem diferente. Grandes a serenidade e paz que ali encontrei! Ainda bem que fui (e logo eu que estava para não ir)!
    Deixo aqui aquele que, para mim, foi um dos momentos mais altos da noite, disponível em:

    http://www.youtube.com/watch?v=uSMwZusKOq0

    Gostei muito do último momento também.
    A MCM também achou a noite criativa e, quem sabe, não virá aí alguma história.

    Venham mais concertos de Reis ou do que quer que seja! Mas venham!

    bjinho
    a anónima IA

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  2. Adenda ao comentário anterior:
    o momento selecionado apresenta-se diferente do que foi saboreado,dado não haver aqui as Trompas Lusas!
    bjinho de novo!
    IA

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  3. Foi pena não ter ido à missa das 12h no dia 6 de Janeiro!!
    Aproveito para divulgar a página do facebook do Coro Polifónico da Lapa, coro esse dirigido por Mestre Filipe Verissimo. lá poderá estar a par de tudo o que se passa pela Lapa, que é digo de nunca nada se perder.

    https://www.facebook.com/groups/110822718960337/

    Cumprimentos,

    Cantora do CPL

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  4. Caríssima leitora,
    Agradeço o comentário e a informação facultada. Consultarei, por certo, a página.
    Os votos de um bom ano e de ótimas iniciativas do CPL, nomeadamente do seu diretor.
    Cumprimentos.

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