O título "The mirror has two faces" é para um filme, para uma relação com muito de diferente... nomeadamente nos desempenhos profissionais.
Barbra Streisand e Jeff Bridges dão corpo a uma dupla de professores universitários (respetivamente, Rose Morgan e Gregory Larkin), num drama romântico americano datado de 1996. Romantismos à parte, um e outro vão-se aproximando também por motivos profissionais.
A relação de ambos é feita de um contraste nítido de personalidades, revelado desde logo no modo como dão aulas. A capacidade comunicativa do professor Larkin não parece ser das mais motivadoras para os alunos, conforme se depreende deste excerto fílmico inicial.
O entusiasmo e a admiração do objeto de estudo estão muito centrados no professor, no que ele vê nos seus registos e não no que estes possam dizer aos estudantes... e, pelos vistos, em quem supervisiona a aula.
Em contrapartida, há o exemplo de Rose, que consegue galvanizar, envolver toda uma imensa plateia: pela aproximação e concretização do tema / assunto em exemplos de uma realidade bastante familiar (demasiado até!); pela solicitação e interação construídas junto dos alunos, além da movimentação criada no seio destes; pela linguagem aproximada aos estudantes, numa dessacralização do que possa ser visto como intelectual, por alguns, e que a docente torna comum e reconhecível pelo homem comum.
Descentração, aproximação, envolvimento e motivação; posicionamento na sala de aula, movimentação, contacto com os alunos; humor; maior concretização e um enquadramento menos abstrato ou teórico são algumas das propostas, na linha do que uma professora de cultura e literatura consegue dar.
E, então, a mudança acontece, com a consequente avaliação dos efeitos:
A predisposição para a interação, o diálogo, o envolvimento do outro na comunicação surte o efeito desejado: um compromisso com a participação e o sentido de construção conjunta. Pode discutir-se até que ponto essa construção é produtiva, estruturante e estruturadora das aprendizagens; se não se fica apenas pela legitimação de um ponto de vista, que é estratégica e retoricamente orientado para o conformismo. Ainda assim, é preferível esta situação a não ter nenhuma comunhão.
Transformar, na consciência das vantagens daí decorrentes, é um caminho, uma opção que não resulta apenas nos filmes. Há ficções desejáveis para a realidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário